Posto 9 – Ipanema

Primeira Marcha da Maconha
Sempre

O Posto 9, na praia de Ipanema, é mais do que um ícone canábico. Lugar de encontro de tudo o que é libertário – e não à toa, perto da Rua Vinícius de Moraes – foram ali que os primeiros topless cariocas foram feitos. Ali também, um Fernando Gabeira recém retornado do exílio exibiu ao mundo sua tanga de crochê. Anos mais tarde, o mesmo Gabeira, já deputado, seria colaborador e participaria de algumas Marchas da Maconha no local.

Em 1987, quando o navio panamenho Solana Star despejou ao mar mais de 22 toneladas de canábis, acondicionadas em latas de ferro, eram muitos os surfistas, pescadores ou meros maconheiros que se aventuraram nas águas de Ipanema, resgatando o que depois seria conhecido como sinônimo de maconha boa: ‘Da lata”.

Quase dez anos depois, diante da repressão da polícia carioca aos banhistas que usavam canábis, surgiu o movimento que ficou conhecido como “verão do apito”. Através da distribuição de apitos aos banhistas, que deveriam ser soprados à menor aproximação da polícia, os frequentadores conseguiram burlar a repressão e garantiram um verão tranquilo aos adoradores da erva e da natureza. Como diriam os cariocas: “a boa é o pôr do sol e a furada é a Guarda Municipal”.

Em 2002, por iniciativa de uma militante portuguesa, foi realizada ali a primeira Marcha da Maconha em terras brasileiras, ainda com o nome internacional de Million Maryjuana March.
Vendo no posto 9 um lugar maconheiro por excelência, a militante distribuiu sedas carimbadas com a descrição do evento. Cerca de 800 pessoas compareceram e não houve repressão policial.

A partir de 2004, em todas as marchas realizadas na Vieira Souto, o Posto 9 foi um momento ápice do trajeto. Ou como partida, ou como chegada, ou como o local em que a massa reunida gritava aos banhistas: “Vem, Vem, Vem pra marcha vem…” Infelizmente, também foi o cenário de repressões brutais, como a de 2008, quando da marcha proibida, quando até a cadela de um manifestante foi presa. Ou em 2012, já liberada pelo STF, quando o choque carioca simplesmente ignorou a manifestação pacífica e a dispersou, já em seu final, com a mesma tática de sempre: bombas de gás, pânico e correria.

Mas hoje, no dia da Marcha, quem estiver no Posto 9 certamente ouvirá os brados de “sou maconheiro, com muito orgulho, com muito amor…”. Nos dias sem marcha, tem todo o encanto do mar carioca, da praia e de um por do sol magnífico, sempre celebrado com aplausos nas areias mais maconheiras do Rio.