Boca Maldita

Marcha da Maconha
Sempre

A Boca Maldita tem seu espaço físico na Avenida Luiz Xavier (Rua das Flores), ao redor dos cafés e bancas de jornais e revistas, bem em frente ao Palácio Avenida, onde anualmente acontecem espetáculos de natal em Curitiba.

Reduto prioritariamente masculino, e teoricamente tribuna livre para qualquer assunto, o local tem seu nome inspirado em uma confraria curitibana que reúne os «Cavaleiros da Boca Maldita de Curitiba». O obelisco existente em frente ao hotel Braz, faz uma homenagem ao local e a confraria.

Surgida em 1963, esta confraria existe, conforme pregam seus membros, «para debater e criticar tudo e todos sem qualquer restrição, expressando as vontades e indignações populares. Entre seus confrades figuram pessoas de diversas opiniões ou setores, como artistas, profissionais liberais, políticos, esportistas e aposentados”. Seu lema, «nada vejo, nada ouço, nada falo», tem clara conotação irônica, mas se aplica perfeitamente a qualquer quebrada em que vigora a «lei do morro», como bem cantou mestre Bezerra da Silva.

Historicamente, a Boca Maldita foi palco da campanha das Diretas Já, além de reduto preferencial para atividades políticas, filantrópicas e culturais.
Mas, para além de todo esse ar libertário, a Boca Maldita foi «conquistada» à duras penas pelos canabistas. Ponto de concentração de algumas das Marchas da Maconha/CWB, em algumas vezes o pessoal nem pode se mover, tamanho o aparato policial e repressivo. Exemplo disso foi em 2012, quando a Marcha, já liberada pelo STF, foi impedida de marchar pelo então secretário municipal de segurança, o fascista Francischinni. Hoje, porém, para desgosto de figuras como esta, uma vez por ano, é ali que soam os tambores do Batucanábis: “Se o Brasil legalizar, olê olê olá, eu vou plantar”. Enquanto os gritos de liberdade ecoam no marco «Zero» de Curitiba, os participantes da Marcha da Maconha cruzam a capital paranaense até o Palácio Iguaçu pedindo a descriminalização e a legalização do uso da erva.

Apesar disso, em dias normais, é comum presenciar cenas de repressão à usuários, em sua maioria pobres e de periferia. Um posto policial nas imediações lembra aos usuários outra máxima de Bezerra: «Se segura Malandro, pra fazer a cabeça tem hora.»