Teatro Municipal

Semana de Arte Moderna e Comício da Maconha
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O Teatro Municipal de São Paulo tem sua inspiração na Ópera de Paris, com estilo arquitetônico eclético, e foi tombado como Patrimônio Histórico do estado de São Paulo desde 1981. Atualmente o Theatro Municipal de São Paulo abriga a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, o Coro Lírico Municipal de São Paulo, o Coral Paulistano Mário de Andrade,o Balé da Cidade de São Paulo, a Orquestra Experimental de Repertório e o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo.

Inaugurado em 1911, foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922, que inaugurou o modernismo no Brasil, e reuniu artistas como Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Di Cavalcanti,Víctor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, entre outros. Destes, cumpre lembrar que Mário de Andrade, exímio “folclorista”, recolheu loas à Diamba em seus passeios pelos sertões brasileiros. Em seu “Música de Feitiçaria no Brasil,”, publicado em 1963, consta: “Diamba/ É espírito, Deus, coisa assim, em língua angolense “di-hamba” ou “di-bamba”.

Porém, o que marca o Teatro Municipal na história da canábis no país é o “Comício da Maconha”. Era reta final das eleições de 1986 quando, às 18h do dia 30 de outubro, cerca de 80 pessoas se reuniram em frente às escadarias do Teatro Municipal, no centro da capital paulista, para fazer uma manifestação a favor da legalização da erva. Em meio às eleições para o governo do Estado, o jornal “Notícias Populares” classificou o evento como “Comício da Maconha”. De acordo com a reportagem da época, a reunião não durou nem 10 minutos e todo mundo foi preso – tinham mais de 70 policiais pra 80 pessoas.

O que tinha no manifesto?

Os organizadores do evento traduziram um manifesto de 1967, assinado pelos Beatles e por Gilles Deleuze – um filósofo francês – entre outros, que continha pesquisas e estudos defendendo a descriminalização da erva. O “Manifesto pela Descriminalização da Maconha” foi assinado por músicos como Arrigo Barnabé e acadêmicos como Florestan Fernandes, além de alguns sindicalistas, e outros membros da sociedade civil.

O professor de história da USP Henrique Carneiro estava presente, e conta que a intenção dos organizadores era reunir uma galera iniciar uma manifestação, mas a polícia chegou antes mesmo de estenderem as faixas. Não contente em prender os presentes neste momento, a polícia também deu uma carona no camburão aos que foram chegando depois. “Não chegou a ter a manifestação. Tinha um contingente enorme de polícia e prenderam todo mundo. Depois teve uma segunda leva, outras centenas de pessoas que chegavam também eram presas”, comenta Carneiro, que na época também era candidato a deputado da constituinte pelo Partido dos Trabalhadores.

Curiosidade: A ação policial do dia 30 de outubro foi comandada pelo filho de Sérgio Paranhos Fleury, lembrado como ícone da tortura no período ditatorial e que, mais tarde, foi afastado (não preso) por envolvimento com sequestradores, enquanto trabalhava, pasmem, na Delegacia Antissequestro.